“E o Otto disse uma frase que eu considero o fino! O fino! Ouve essa que é.
Disse: “O mineiro só é solidário no câncer.”
Que tal?”
Há muitos anos “Bonitinha, mas ordinária” me “assombra”. Assombra no sentido de instigar, de desafiar, de provocar e de permanecer. Impossível esquecer do impacto que tive ao assistir em 1990, a montagem dirigida por Eduardo Wotzik e protagonizada pelo ator Gustavo Gasparani, meu primeiro professor de teatro. Uma década depois o diretor Ivan Sugahara me convidou para interpretar Edgard com a Cia os Dezequilibrados, mas por uma questão de agenda não pude participar do espetáculo. No entanto há encontros que parecem predestinados a acontecer, e o convite de Emílio Orciolo para dirigir “Bonitinha” parece comprovar isso. Meu encontro com este desafiante texto de Nelson Rodrigues se revelou inevitável.
Após dirigir “Anti-Nelson” e “Os 7 gatinhos”, me vejo diante desta nova aventura. “Bonitinha, mas ordinária” continua sendo uma radiografia trágica do Brasil. De uma atualidade assustadora, mesmo se passando em 1962. Um texto que trata essencialmente da questão ética no ser humano. Nelson Rodrigues nos oferece cenicamente uma nefasta sucessão de abusos sexuais, morais e psicológicos, ao escancarar as vísceras podres de uma elite decadente, racista e corrompida que há séculos governa o país como uma oligarquia. No entanto, provoca a todos nós, ao testar o limite da honestidade pessoal de cada um. Há alguém incorruptível? Ou trata-se apenas de uma questão de preço? Nosso herói Edgard redime a espécie humana ao rasgar o cheque? É um ato de esperança? Ou de ingenuidade? Quem de nós rasgaria este cheque? No Brasil “todo mundo é Peixoto?” O fato é que Nelson Rodrigues nos apresenta o ser humano em sua dimensão mítica, longe de quaisquer maniqueísmos. Nelson é sempre pedagógico. Profundo conhecedor da alma humana.
Agradeço ao Emílio Orciolo e ao Luiz Prado por possibilitarem a realização deste trabalho. Agradeço a todo este maravilhoso elenco e competentíssima equipe de criação do espetáculo, e a você que veio ao teatro viver conosco esta história, para de mãos dadas mergulhar nos profundos recônditos da psique humana. Evoé.
Bruce Gomlevsky
Diretor
ELENCO
Emilio Orciollo Neto
EDGARD
Sol Miranda
RITINHA
Lorena Comparato
MARIA CECÍLIA
Ricardo Blat
WERNECK
Cláudio Gabriel
PEIXOTO
Kênia Bárbara
AURORA
Sirléa Aleixo
D. IVETE
Vini Portella
OSIRIS
Ágatha Marinho
NADIR
Marilia Coelho
D. BERTA
Leo de Moraes
ALFREDINHO
Aline Dias
DINORÁ
Junior Vieira
ALÍRIO
Júlia Portes
MARIA CECÍLIA
(Stand-in)
Participação especial:
Sylvia Bandeira
D. LÍGIA
Alice Borges
TEREZA
Jitman Vibranovski
VELHO
FICHA TÉCNICA
Figurino Maria Callou
Iluminação Elisa Tandeta
Direção Musical Marcelo Alonso Neves
Cenário Nello Marrese
Camareira Flavia Cotta
Diretor de Palco Leo de Moraes
Direção de Movimento Edio Nunes
Cenotécnico André Salles
Assistente de produção Vini Portella/ Junior Vieira
Assistente de Direção Elisa Tandeta
Assistência de Indumentária Grila Grimaldi
Operador de som Ramon Coutinho
Operadora de luz Lohana dos Santos
Fotos Dalton Valério
Redes Sociais Rafael Teixeira
Design gráfico Max Spacosky/ Ivison Spezani
Assessoria de comunicação Barata Comunicação
Produtores associados Emilio Orciollo Neto, Bruce Gomlevsky e Luiz Prado
Direção de Produção Luiz Prado
Este espetáculo teve sua estreia nacional na cidade do Rio de Janeiro em 16 de Agosto de 2024.