Na boca do cão
Na boca do Cão é uma ópera contemporânea inédita que une música contemporânea, dança, teatro e vídeo. O espetáculo é protagonizado pela soprano Gabriela Geluda, tem libreto do imortal da Academia Brasileira de Letras Geraldo Carneiro e direção do premiado Bruce Gomlevsky. A música é do compositor clássico contemporâneo Sergio Roberto de Oliveira, indicado duas vezes ao Grammy Latino (2011 e 2012), e será executada ao vivo por Ricardo Santoro (violoncelo), Cristiano Alves (clarinete / clarone) e Leo Sousa (vibrafone).
O espetáculo promove uma reflexão sobre como nos relacionamos com os desafios de modo criativo, aprendendo a incorporar o inesperado e transformando experiências traumáticas através da arte.
SINOPSE
A ópera conta a história de uma menininha que, aos dois anos de idade, teve sua cabeça abocanhada por inteiro por um pastor alemão, e os efeitos deste episódio ao longo de sua vida.
TROCANDO O MEDO PELO SOM
Aos dois anos de idade Gabriela Geluda foi mordida por um pastor alemão. Sua cabeça foi abocanhada bem próximo à laringe, que abriga as cordas vocais. Na época, Gabriela ‘reagiu não reagindo’ e desaprendeu a gritar.
“Eu tinha 2 anos de idade, minha mãe estava grávida de 9 meses da minha irmã Samantha. Meu pai me levou a padaria de manhã cedo para comprar pão. Na padaria tinha um pastor alemão. Meu pai perguntou ao padeiro se o cachorro mordia. O padeiro disse que não. No minuto seguinte minha cabeça estava dentro da boca do pastor alemão, alguns dentes na parte de baixo do queixo e outros na parte de cima da cabeça. Tudo escuro.”, conta Gabriela.
A menina passou a infância falando baixinho, mas já cantava. Tornou-se cantora lírica, e foi percebendo a relação entre esses gritos não extravasados e o seu canto. Resolveu, então, dividir sua história com o compositor de música contemporânea Sergio Roberto de Oliveira, quando se encontraram para iniciar uma parceria artística. Assim, surgiu o desejo de criar um espetáculo que falasse sobre o medo e sobre a possibilidade da arte ser um veículo de transmutação de traumas profundos do ser humano.
O diretor, Bruce Gomlevsky, conta: “No início do processo de ensaios, me dei conta de que o caminho da encenação residia na investigação profunda das memórias da Gabriela; e que o espetáculo resultaria inevitavelmente de uma auto exposição corajosa e despudorada da intérprete. Partindo do estudo teatral do sistema Stanislavski / Grotowski que realizo há alguns anos, criamos uma estrutura de ações físicas resultante deste mosaico de memórias que insistem em nunca abandonar nossos corpos. Assim, o espetáculo se revela uma linda confissão da Gabriela, uma viagem por momentos importantíssimos de sua trajetória de vida, momentos por vezes dolorosos, tristes ou felizes, mas sempre sinceros.”
TRECHO DO LIBRETO DE GERALDO CARNEIRO
“E a menina movida a espanto
transformou o cão em canto
A menina
Movida
À vida
(...)
Então a menina compreendeu
Todos os nomes do medo
Passou a ter medo de tudo
De qualquer coisa que lhe parecesse
Um arremedo daquele medo
Uma metamorfose daquele incidente.”
Ficha Técnica
Libreto
Geraldo Carneiro
Música
Sergio Roberto de Oliveira
Direção
Bruce Gomlevsky
Soprano
Gabriela Geluda
Cenário
Fernando Mello da Costa
Figurinos
Carol Lobato
Iluminação
Elisa Tandeta
Criação de vídeo
Alex Araripe
Direção de Movimento
Rocio Infante
Violoncelo
Ricardo Santoro
Clarinete / Clarone
Cristiano Alves
Vibrafone
Leo Sousa
Direção de produção
Luiz Prado
Assessoria de Imprensa
JSPontes Comunicação – João Pontes e
Stella Stephany
Realização
LP Arte Soluções Culturais
Temporada
Centro Cultural Banco do Brasil - RJ
15 Junho a 30 julho 2017